terça-feira, 9 de novembro de 2010

Mês da Consciência Negra. Zumbi/Dandara/João Candido

Revolta da Chibata.
Jamais nos calaremos frente ao arbítrio e a opressão.
No início do século, corria o ano de 1910, eis que uma rebelião militar sacode a marinha.
Era a Revolta da Chibata. Nesta época o alistamento militar era obrigatório e acabava sobrando para o povo negro e pobre, os quais desprovidos de força política não tinham como se livrar como o faziam os filhos da burguesia da época. O serviço militar tinha vários castigos físicos sob os membros inferiores ( soldados, cabos e sargentos ). Isto ocorria em ambas as forças, tanto na Marinha como no Exército. No exército os castigos físicos eram, menos violentos devido ao seu caráter impopular, pois boa parte de seu oficialato, notadamente os tenentes eram oriundos das camadas pobres da população.
na Marinha sempre foi uma força mais elitizada, assim seus oficiais eram em sua maioria pertencentes à burguesia. Desta forma estes oficiais tinham grande desprezo pelos subalternos.
Para eles a punição física era uma alegria, e todo e qualquer desvio era punido com açoitamento.
No ano de 1910, após a condenação de Marcelino Rodrigues Meneses ao castigo de 250 chibatadas, sendo que os demais marinheiros eram obrigados a assistir o espancamento.
Esses se revoltaram diante ao barbarismo do castigo. Em 22 de Novembro de 1910, durante a noite, esses marinheiros se rebelaram, tomaram o controle do navio chamado Minas
Gerais. Outros três navios de nome São Paulo, Bahia e Deodoro, aderira ao movimento.
A liderança chamava-se João Cândido. Na ocasião, mais de 2.000 marinheiros se rebelaram contra os castigos. Durante os seis dias do motim, seis oficiais foram mortos, entre eles o comandante do Encouraçado Minas Gerais, Comandante João Batista das Neves.
As reivindicações dos marinheiros eram duas: Fim dos castigos e uma melhor alimentação.
O líder do movimento, marinheiro João Cândido enviou por rádio, uma mensagem ao Palácio do Catete, sede do governo federal, ameaçando bombardear a cidade caso suas reivindicações não fossem atendidas.
O presidente Hermes da Fonseca, estava sem saída, pois os navios estavam ancorados na Bahia de Guanabara e seus canhões apontados para o centro da cidade.
Por iniciativa do senador Rui Barbosa, foi aprovada uma proposta que atendia os marinheiros e ainda lhes concedia anistia. Diante este acordo, os marinheiros depuseram suas armas e se entregaram à autoridades.
O governo traiu acordo, os castigos cessaram, mas a anistia não foi cumprida. As lideranças foram presas, entre eles João Cândido, tendo sido internado como louco.
A degradante condição do cárcere levou à morte vários líderes. João Cândido sobreviveu, foi julgado e absolvido em julgamento ocorrido em 1912. Seu falecimento deu-se em 1969, e esse grande negro lutador passou a ser conhecido como o " Almirante Negro ".
E neste mês da Consciência Negra, os negros, os lutadores anti racismo e toda a sorte de aliados, estarão nas ruas, reverenciando esta liderança chamada João Candido.
Verdadeiros líderes são como o fósforo, nota-se muito melhor quando tudo fica às escuras.

Valeu Zumbi, Valeu Dandara, Valeu João Cândido.

Xangô é Rei

João de Oliveira
Coordenação da CONEN-SP
Membro do CULTURAL REFAVELA